Brasileiro, Miguel Nicolelis está mais perto de fazer paralíticos andarem

Na Copa do Mundo de 2014 um paciente paraplégico, equipado com um exoesqueleto, deu o pontapé inicial do torneio. Ele era integrante do projeto Andar de Novo, liderado pelo neurocientista paulista Miguel Nicolelis, um dos principais nomes entre os neurocientistas que buscam ajudar as pessoas a recuperarem seus movimentos, é surpreendente como um paulistano está se destacando em meio a tantos outros profissionais de outras cidade do Brasil, levando em conta o busca cep podemos ter ideia da quantidade de municípios do Brasil.

O exoesqueleto controlado pelo paciente Juliano Alves era controlado por uma interface cérebro-máquina (ICM), foco das pesquisas de Nicolelis. Recentemente, em 2016, o neurocientista e sua equipe publicaram na revista Scientific Reports, do grupo Nature (um dos mais respeitados na área acadêmica), o primeiro artigo mostrando os primeiros resultados da pesquisa, iniciada em 2013. E eles são um tanto otimistas.

O texto diz que oito pacientes (seis homens e duas mulheres) que haviam perdido os movimentos das pernas por lesões na coluna vertebral conseguiram recuperar parte das sensações e controle musculares dos membros inferiores — em alguns casos retomando até mesmo a vida sexual de alguns.

Após uma série de treinamentos com os dispositivos cérebro-máquina, por doze meses, quatro dos pacientes melhoraram seu status de paralisia completa ou quase completa para paralisia parcial, na qual existe sensação tátil e controle muscular, mesmo que sem força para se manter em pé sem auxílio externo.

Em um vídeo no Facebook, Nicolelis comenta: “penso que esses resultados são únicos e levantam a hipótese de que no futuro as interfaces cérebro-máquina podem não ser somente uma tecnologia assistiva para restaurar a mobilidade. A combinação das interfaces cérebro-máquina pode levar a um novo tratamento. ”

A fala de Nicolelis, embora otimista, ainda é contida. Há muito chão pela frente. Em entrevista ao site Motherboard, ele comenta que ainda não é o momento em falar em cura. “Eu não falaria em cura porque é prematuro, bem prematuro”, diz. “Mas só de você ter uma terapia para uma moléstia que até hoje não tinha terapia é um passo significativo”, afirma.

Como foi o processo para ajudar os pacientes com paralisia a se recuperarem

Além das ferramentas de interface cérebro-máquina, os pesquisadores utilizaram eletroencefalógrafos, óculos de realidade virtual, exoesqueletos e mecanismos de auxílio à locomoção. Além disso, foram meses de fisioterapia, neuro-reabilitação, acompanhamento psicológico e médico.

Nicolelis acredita que, anatomicamente falando, muitas das fibras da medula não foram destruídas, apenas permaneceram desacordada durante anos. O que seu tratamento fez foi despertá-las.

Os pacientes usavam um avatar em ambiente de realidade virtual, ao mesmo tempo em que estavam equipados com um gorro revestido de 11 eletrodos que acompanhava sua movimentação. O exoesqueleto causava sensações táteis no corpo para ajudar o cérebro a treinar. Quando seu avatar, em realidade virtual, andava na areia, por exemplo, a máquina simulava uma pressão diferente em seus pés, para que o cérebro tentasse reconhecer a diferença e sentisse que ele está se movendo sozinho, não com a ajuda de aparelhos.

A teoria de Nicolelis é que esse processo estimula mudanças no cérebro, mas também na medula espinhal. Embora a hipótese não tenha sido provada, os resultados vão nesse caminho.